Caminhando na rua,
Com a mente cheia de sonhos
Com os olhos cheios de lágrimas
Com os bolsos cheios de versos
Feitos em papel amarelado.
Sentamos no bar para embriagar a solidão
E o Poeta tentava explicar cada verso.
Falavam de rosas, de vida.
E de fragilidade incidente.
O Poeta tinha os olhos brilhantes, mas não eram de esperança.
Estava impetuoso, falava sem comedimentos.
Apesar da alegria que tentou demonstrar
O Poeta estava sempre se engasgando na angústia
Que não conseguiu esconder, quando disse que estava sentindo saudades.
Saudades de quê, Poeta,
Se a lua está escondida, se a moça está dividida
Entre a razão e você?
Saudades inteiras ou apenas pedaços?
As mãos do Poeta tremeram, quando Ele engoliu a bebida
(confuso com a vida)
Achou-a amarga.
Amarga como aquela saudade intolerante.
Resolveu fazer outro verso, com inquietações misturadas.
Como se fosse um homem errado, mal amado.
Amei o Poeta, que inspirado fez uns versos incoerentes,
De como fingir-se alegre em meio à bebida e a angústia
Quem na vida não já amou um Poeta?
Do livro Contraponto (1998) - Maria Auxiliadora da Silva Maia