O processo de ocupação da terra em Apodi, até o final do século passado, pouco mudara. Praticava-se a pecuária extensiva como atividade dominante, e motivadora do nosso povoamento. Prevalecia a ocupação de terrenos ao longo dos rios, e ao redor das lagoas, em função da água, ele-mento indispensável às necessidades da atividade pastoril. Desprezavam-se as áreas do sertão de pedra, caatingas e chapada, onde a água praticamente não existia, no período do verão.

Somente na primeira metade do século XX, com a atuação do DNOCS, perfurando poços a Chapada do Apodi, começou a ser povoada, ali se concentrando, atualmente, a maior parte dos rebanhos do município, pois seu solo é de primeira qualidade para a formação e pastagens e rama naturais. 

A construção de açude, na região de pedra, também iniciada nas primeiras décadas do século XX, por iniciativa particular e do governo, possibilitou, embora de maneira lenta, a ocupação das principais terras daquela região, principalmente por criadores. Embora enfrentando os desastres da seca, o criatório sempre se colocou como atividade econômica de grande valor no município.

A importância da pecuária em Apodi é atestada na ata da Câmara Municipal de vereadores datada de julho de 1853, enviada ao Presidente da Província, em que os representantes do povo reivindicavam para a terra alguns melhoramentos. Eis o pequeno tópico: “Outros produtos oferece o solo, como azeite de oiticica, etc. Todos são mais precários que o gado.

Conforme a mesma ata, já se extraia o pó da carnaúba para a fabricação de cera. Acrescente o antigo documento da Câmara Municipal: “A extração e a fabricação de cera de carnaúba, também muito im-perfeito ainda, vai constituindo uma indústria de algumas vantagens para a prosperidade do município’’. Pode-se deduzir, portanto, que a cera de carnaúba já se destinava a fins comerciais.

Somente a partir do inicio deste século o algodão se consolidou como produto de exportação em Apo-di, com a expansão de seu cultivo, colocando-se até bem pouco tempo em primeiro lugar, no quadro de produtos agrícolas do município, em valor de produção. Devido ao ataque da praga do inseto chamado “bicudo’’, os algodões foram quase totalmente destruídos.

Escreveu Manoel Antônio de Oliveira Coriolano, velho cronista da região, que em 1921, o município de Apodi possuía seis descaroçadores de algodão, tendo produzido naquele ano. 486.172 quilos de algodão em  pluma. Não menciona o destino da produção, Mas acreditamos que foi Mossoró.
Pelo registro acima, pode-se avaliar a expansão da cultura algodoeira em Apodi, no inicio do Século XX, quando nossa população não ia além dos sete mil habitantes.

Fonte: Apodi, Sua História - Válter de Brito Guera