A descoberta e colonização de qualquer região da terra, em todos os tempos, sempre ocorreu em função de interesses de ordem econômica, sendo a água o fator principal de atração do homem, na formação dos aglomerados humanos.

Onde houvesse fartura desse precioso liquido, elemento indispensável à vida, para ai se deslocavam as correntes migratórias de povoamento, formando povoamentos, vilas, cidades. Portanto, não se pode ignorar o grande valor que a água representa para o homem. Sem ela, jamais se poderia pensar em progresso ou desenvolvimento, em vida animal ou vegetal.  

A região do Vale do Apodi, onde as reservas d’água representam sua maior riqueza não iria constituir uma exceção, no período em que se processava a colonização no Brasil. E assim, no século XVII, aqui chegavam os primeiros migrantes, atraídos pela grande quantidade d’água existente na lagoa, nos rios e no vale.

Este valioso território era habitado pelos índios Tapuais Paiacus, originários do grupo Tarairiú, disseminados por todo o Nordeste Brasileiro, na fase do Brasil Colonial. Foram os Tapuias Paiacus, portanto, os primitivos ocupantes do Vale do Apodi, vivendo nas margens da lagoa, nos rios e na chapada. Onde praticavam uma agricultura rudimentar, a caça e a pesca. É provável que praticassem, também de modo muito elementar, o artesanato de cerâmica de barro e outras, atividades semelhantes, pois possuíam, como outras tribos, sua cultura.

Originalmente, o índio paiacu era de índole pacata, tranquilo, porém sempre disposto a lutar quando necessário fosse. Como todo índio, possuía a noção de propriedade privada, julgando-se dono da terra onde trabalhava e vivia.

Como dissemos acima, no século XVII, por volta do ano de 1680, o território da antiga aldeia recebia os primeiros visitantes civilizados. Uma expedição oriunda da Paraíba, comandada por Manoel Nogueira Ferreira, tentava o primeiro contato com os índios do Apodi. Vinha com um objetivo: ocupar boas terras, na esperança de conseguir bons rendimentos, de progredir finalmente. E para isso vinham os irmãos Nogueira também dispostos a empregar a força, violência através do bacamarte e do clavinote boca-de-sino, caso não conseguissem seus intentos por meios pacíficos. Porque assim agiam os exploradores e colonizadores daqueles tempos, principalmente em relação ao índio, sujeito a exploração de toda ordem.

Fonte: Apodi, Sua História - Válter de Brito Guerra