Em meio
a esse mundo
moderno
com seus valores
deturpados
somo por vezes
arrastados
a nos conformar,
aceitar,
a boca calar
para não revidar
frente às injustiças
imundícias
a ordem é adaptar-se
alhear-se
isolar-se
para não contrariar
ou ser contrariado

Muitas vezes
desviamos o olhar
não soltamos
o grito
aflito
preso
na garganta por temermos
as mudanças
as críticas
e assim driblamos
os outros
nós próprios
a vida com seus problemas
dilemas
saindo pela tangente
a gente
não encara
frente a frente
mas (in)conscientemente
adaptamo-nos
a coisas
muitas vezes
inaceitáveis
Dentro de nós
a sós
há uma voz
que clama
exclama
nas entrelinhas
do nosso interior

Há em nós
algo que não
se encaixa
uma peça que nos
falta
faz falta
a vida se arrasta
passa
repassa
perpassa
com essa passividade
que agride
incomoda
com essa frieza
que enrijece
entorpece
adormece
se esquece

Precisamos
pedir perdão
desse papel
confortável
despreocupado
alienado
Está faltando
essa coisa
que faz a diferença
marca
a presença
entre um povo
que age
reage
e um povo
que vive
sobrevive
na dormência
Já não podemos
assistir
passivamente
ao nosso próprio
abate
sem debate
Temos que ir
ao combate!

"Vozes de um coração''
Maria Luiza Marinho da Costa