História
As minudências históricas que contextualizam o estudo da toponímia apodiense assumem contornos que dão ênfase especial e contagiante aos fatos que derivaram para os referenciais. O renomado e profícuo historiador apodiense NONATO MOTA fez um resgate histórico sobre a origem da denominação do sítio "Olho D'Água da Borracha", 82 anos após o fato histórico. Em seus manuscritos, conta-nos a verdadeira história deste sítio que, segundo a crendice popular, surgiu por milagre em terras apodienses, em 22 de Fevereiro de 1794. Teria o insígne historiador se baseado na tradição oral ou em um dos livros de Tombo da Igreja-matriz de Apodi ?.

Diz ele que, tendo findado a terrível seca de 1793, o povo continuava sofrendo as suas consequências e já havia passado janeiro sem qualquer sinal de chuvas. Acrescenta que, continuava a mortandade de gente, tanto pela fome como pelas doenças, como pelo ataque de morcegos, que aproveitavam as horas mortas da noite, entravam nos ranchos da lagoa e sugavam até a última gota do sangue das criancinhas que, magras e cadavéricas não tinham forças para enxotá-los.

Diante de um quadro tão desolador, o padre da paróquia de Apodi MANUEL CALHEIROS CORRÊIA PESSOA organizou uma procissão para levar a imagem da padroeira N. Sra. da Conceição para a Serra do Lima, em Patu, e de lá trazer a imagem de N. Sra. dos Impossíveis. Alí venerada, a romaria iniciou-se simultaneamente em Patu e no Apodi e, o encontro das imagens ocorreu na PASSAGEM DO RIO UMARÍ, às onze horas do dia 22 de Fevereiro de 1794. Cansados, os romeiros puseram as imagens sob a sombra de um frondoso joazeiro e de uma grande oiticica, e passaram às orações e aos cânticos de benditos. Até então, o céu se conservava limpo e, logo depois começou a nublar-se iniciando-se uma copiosa chuva acompanhada de relâmpagos e trovões, acrescentando que o local bem como a região circunvizinha era muito seca e não contava com nenhuma fonte de água, motivo pelo qual os romeiros tinham trazido muitas borrachas cheias d'água, que foram encostadas nas duas árvores já mencionadas.
Ainda um pouco fatigados, os romeiros ali pernoitaram. No dia seguinte, como o céu amanhecesse encoberto de nuvens, e com aspecto de inverno, o reverendo Cura, em ligeira prática, fez ver aos paroquianos que os seus rogos tinham sido ouvidos pela mãe de DEUS e que o castigo tinha terminado; que os santos voltassem para os seus oratórios, em charolas, como tinham vindo e acompanhados de cânticos religiosos. Contam os antigos que, no tronco do joazeiro, onde foram encostadas as borrachas com água, apareceu um olho d'água que, devido essa causa, ficou se chamando de "OLHO D'AGUA DA BORRACHA". Estas terras pertenceram, depois, ao honrado ruralista Cassiano Benício de Farias. Resta aos apodienses formados em história empreenderem uma pesquisa de campo neste lugar denominado de "Passagem do Rio Umarí" para localizarem, se ainda existirem, os famosos e milagrosos pés de Joazeiro e Oiticica, testemunhas vivas deste memorável milagre em terras apodienses. O certo é que nada é impossível para DEUS quando se recorre a ele com devotada fé e humildade. (FONTE: "FLAGRANTES DAS VÁRZEAS DO APODI" - Autor: JOSÉ LEITE - Livro III - Coleção Mossoroense - Série C- Volume DCXXXIII - 1991). 

Por Marcos Pinto.