No ano de 1968, fizemos uma pesquisa para sabermos quando surgiu a primeira banda de música em Apodi. Depois de ouvirmos algumas pessoas que estiveram ligadas às atividades musicais do passado, escrevemos para o Boletim Informativo da FUNDEVAP, setembro daquele ano, alguns tópicos sobre o assunto. 

Manoel José Dantas, então sacristão da paróquia, foi o primeiro entrevistado. Informou o antigo servidor da igreja, que na última década do século passado, entre os anos de 1891 a 1900, o pioneiro do movimento para instituir a banda foi o Dr. João Gurgel de Oliveira, na época Juiz de Direito da Comarca. O entrevistado não soube informar a quem pertenciam os instrumentos musicais nem por quanto foram comprados. 

Manoel José Dantas guardava na memória o nome do primeiro maestro - Samuel Monteiro, vindo do Ceará, para dirigir a organização musical, que alcançou grande sucesso dentro de pouco tempo. Adiantou ainda o informante a obrigatoriedade do comparecimento da banda à igreja nos dias de domingo por ocasião da missa.

Prosseguindo naquela pesquisa, ouvimos outras pessoas – Sebastião Paulo Ferreira Pinto e Sebastião Gurgel, pessoas ligadas aos acontecimentos socioculturais daqueles tempos. O segundo maestro chamava-se Nestor Aurélio, paraibano, considerado o mais eficiente de todos quantos estiveram à frente da antiga banda. Além de profundo conhecedor da arte musical, soube dirigir com rigorosa disciplina a banda, que ganhou fama na época, apresentando-se em cidade do nosso Estado e do Ceará, recebendo elogios e aplausos.
Após Nestor Aurélio outro maestro esteve em Apodi, do nome Misael Gadelha, clarinetista de renome, tendo prestado bons serviços ao conjunto musical da terra.

Discípulo de Nestor Aurélio, Porfirio Generoso Dantas, filho da terra, foi o maestro que mais tempo esteve dirigindo a banda de música. Prestou ao conjunto musical de Apodi relevantes serviços, encerrando suas atividades  em 1943, vindo a falecer em 1948. Não tenho na memória o nome do seu sucessor. De acordo com informações através de tradições orais, a velha banda de música de Apodi pertencia à Paróquia e, posteriormente a uma entidade denominada Grêmio Lítero Musical Coronel João Jázimo”, criada em 1926, para restaurar a música em Apodi.

Assim como teve os seus dias de glória, a banda experimentou, também,  períodos de fracasso. Movimentos de ordem política, choques entre famílias, incompreensões, vez por outra paralisavam as atividade da banda.
Surge em 1937, outro movimento para restaurar a filarmônica de Apodi, criando-se uma sociedade que tomou o nome de “Centro Lítero Francisco Pinto”, sendo eleito o Sr. Lucas Pinto o seu primeiro presidente. Depois de alguns anos de funcionamento ficou inativa, ressurgindo em 1944, sob a direção de 3º Sargento Lourival Vieira, trazido de Natal, pelo então prefeito Joaquim Teixeira de Moura, da Polícia Militar.

Ainda em conseqüência de brigas políticas, ocorre outra interrupção no funcionamento da nova banda. Os instrumentos adquiridos pela sociedade “Centro Lítero Francisco Pinto” foram posteriormente doados a outra entidade. Esta paralisação durou 22 anos. 

Reaparece a banda em 1967, graças ao trabalho da Fundação para o Desenvolvimento do Vale do Apodi – FUNDEVAP – entidade criada no Apodi em 1966; O Sr. Lucas Pinto fez doação dos instrumentos que pertenciam à sociedade da qual era presidente, à FUNDEVAP, que mandou recuperar parte deles em Recife. Nessa nova arrancada veio dirigir a banda o 3º Sargento, músico da Polícia Militar João Evangelista de Sousa que, com sua capacidade de trabalho, fez com que a banda, composta de 15 jovens, e  apenas com três meses de fundada, tocasse um dobrado. Vale ressaltar que os integrantes da recém – criada organização musical, não tinham antes nenhum  conhecimento de música, nem teórica nem prática. Dificuldades financeiras e administrativas motivaram a paralisação da banda.

Em maio de 1990, o então prefeito Simão Nogueira Neto, um amante da cultura musical, e num gesto de patriotismo, instituiu pelo poder público municipal e banda de música “Antônio de Pádua Leite” nome que homenageia um músico da terra. Novamente o sargento João Evangelista é chamado para dirigir a banda de música em Apodi, e ministrar aulas de música na escola também criada na oportunidade. Com sua reconhecida capacidade, Evangelista estruturou em pouco tempo admirável banda. Época em que participou de concursos em Natal, obtendo as melhores colocações. Por motivos de conveniência pessoal, o sargento João Evangelista deixou a direção da banda e retornou a Natal, ficando em seu lugar o jovem Francisco Janilson de Carvalho, com apenas 23 anos, demonstrando para essa difícil missão competência e capacidade de trabalho. Com a inteligência, o talento e sensibilidade vocacional dos seus integrantes, a banda “Antônio de Pádua Leite” passou a merecer da comunidade apodiense aplausos e admiração. É composta de 25 músicos cuja idade média é de 23 anos.  É mantida pela Prefeitura Municipal.  Os músicos são enquadrados como servidores municipais, gozando dos direitos que a lei lhes assegura. Sua sede é na Rua João Pessoa, S/N.  

Fonte: Apodi, Sua História, Válter de Brito Guerra