A menina sabe que o beijo monótono
e cotidianamente depositado em seu sexo
é um veneno abrindo portas,
nunca dantes navegadas,
ao amor...sem nexo. De sexo!

Mas a este beijo, religiosamente,
ela sempre se entrega
e a ele nunca se rebela
apesar de não aparecer mais bela,
após cada momento em que ao beijo
sem hesitar, se entrega.

E o beijo, sem nenhuma surpresa, chega...

E, num repente, a sala é invadida pelo vento fresco
de uma porta ruidosamente escancarada:

Que mania de beijar estátua, menino – gritou a
ruiva de raiva e, ao mesmo tempo, com faces rubras
tomando conta da casa.
Correndo, esbaforido, o menino, sofreguidamente
em lágrimas, derrama na pia o beijo interrompido
que vai livre desvirginar as lavadeiras de pernas
abertas para o rio que corta a cidade.

Anjo Torto - Aluísio Barros de Oliveira