Por que querer-te, não sei dizer,
se o amor e a razão são uma coisa só.
Se tudo levas a vida a fazer-me sofrer,
arranhando a minh’alma, em pena, sem dó.

E, se não me poupas a sensibilidade.
Por que chorar por ti, por que chorar?
Indelicada ingrata, não me dás saudade,
eu devo é alegrar-me, eu devo é exultar.

Mas, tenho uma suspeita, que me rói a alma,
será que eu sem ti, tenho alegria?
Será que eu sem ti, ainda tenho calma?

Não. Não sei. E, não creio ser possível,
afastar-me de ti, nem que seja um só dia,
o ter de suportar tormento tão terrível.

Flagrantes das Várzeas do Apodi - José Leite (Separata de Pré-Lançamento).