Nas peripécias do sábio tempo
Fazer encontrar atenção sincera,
Num abraço de ternura e tormento
Que intenta a alma, o desejo
À pira louca que consome o olhar
Em ânsia do mais puro beijo
Pela frigidez de tua pele eu tocar
Esses singulares momentos doidivanos
Nos faz esquecer detestáveis profanos
Dão à solida das paredes tal alusão
E assim a noite pouco passa não finda,
O sono não vem e o pensamento foge,
O ego cria figura vultosa linda
Mais escura fica a noite quando chove
Esse espectro se dissipa, evapora
Os olhos umedecem em prantos
Toda a visão cega, indo rápida embora,
Mais depressa arruinaram frágeis encantos
Mergulhando no oceano profundo
Aquela perfeita e majestosa escultura
Com aspecto inigualável num mundo
Vivaz aliciador de inocência, de candura
Me pergunto mesmo sabendo
Que resposta, em mi, não mora
E devo procurar saber, conhecendo
A negra sombra que me segue agora,
Que acompanha cada passo, cada batalha
Travada com essa eterna realidade
Meus sentimentos não sonham, produz mortalha
A amargurada cova cordiana da saudade
Já não durmo mais sequer direito
Os versos às rimas não obedecem
Esqueci dos três tempos o conceito
Principal às palavras que esquecem
Os bons frutos por eu escolhidos,
Nas manhãs belas e fragueiras
Nos jardins solitários esquecidos
E nas viagens vazias passageiras
Palpita num longínquo interior do peito
O eco de uma voz sedutora e me chamar,
Esse mesmo som apazigua o velho preconceito,
Aprofunda meu sono inquieto e reclama,
A presença fêmea da musa que inspira e embala
A arte de um escritor e poeta a recitar,
Mil desejos e canções explícitas na fala
Uma vocação e um sacerdócio que defendo a professar’’.
"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho