“Sinto um perfume nobre a convidar
Meu olfato sensível a embriaguez
Misturando ao suor daquela vez
Onde menina moça ouviu o mar

Sinto um perfume nobre e sedutor
Que penetra-me forte à cabeça,
Capaz até da solitude agora esqueça
Meu ser tomado por imenso calor

Sinto um perfume nobre e verdadeiro
Suavizado em uma pele jovial
Pertencente a um corpo fêmeo sensual
Ao caminho contra vento derradeiro

Sinto um perfume nobre como liberdade
Apegado ao corpo da mulher que passa
Escravidão os olhos fitastes e amassa
Com o próprio olhar tua mocidade

Sinto um perfume nobre e desconhecido
Me deixando confuso parando em frente,
Às costas e às curvas da figura presente
Observo toda a forma dum real percebido

Sinto um perfume obre que entontece
Qualquer homem em estado sensível,
Despertando-o para luta concebível
E mesmo tendo sol a lua aparece

Sinto um perfume nobre quando inspiro
Minha mente incerta tal qual atmosfera
Que me eleva da tropo à exosfera
Do cosmo sideral corporal a um suspiro

Sinto um perfume nobre igual flores
Inodoras ainda nessa desconhecida realidade
Somente sentida pelos poetas em saudade
Do amor partido pela distância em dores

Sinto um perfume nobre daquele diferente
Uma vez inalado pelos órgãos do sentir
Saem em exato purificado à partir
Único desejo de dois olhares reluzentes

Sinto um perfume nobre e inquietante
Que me conduz a um torto caminho
Via essa solitária, duária sem ninho
Se esfacela indeciso um coração errante

Sinto um perfume nobre em festa
Escura clareada pelos raios da lua,
Refletindo em espelho e deusa nua
As lágrimas que tua presença atesta

Sinto um perfume nobre e medieval
Daqueles sentidos parcas vezes na vida,
Indiferente da noite passada mal dormida
Embebendo e consumindo o odor terminal’’.

"Caminhos do Meu Ser"
Paulo Dantas Magno Filho