“Eu sou lá do Nordeste
Estou aqui por precisão,
Tenho sonhos, tenho honra,
Deixei com sede o meu povão,
Quem não me ouvir falar
Tanto faz vida como morte
Ai que saudades do meu lugar!

Eu sou guerreiro menino
Estou no sul por obrigação,
A seca está matando aos poucos
Meu Nordeste, meu coração.
Cuidado com seu preconceito,
Eu sei que não é direto
Ter saído lá do sertão.

Sinto muitas saudades
Quando penso em regressão,
Pois o sol não esquenta e fere
Como o sol lá do sertão.
Da minha terra só tenho saudade,
Das ‘cachaça’ boa, dos amigos do peito,
Estando longe não tem felicidade,
Te deixar Nordeste, foi sempre meu defeito.

Ai terra abençoada,
Terra de povo sofredor
Embora com solo seco e tudo mais
Êta povo trabalhador!
Quando sai do meu Rio Grande,
Levei na mente tudo que deixei por lá,
Minha história, minha vida,
Pais que não deixaram-me nada faltar,

Mas tenho esperança
Que a vida vai melhorar para o nordestino,
Sol quente, solo seco, enxada na mão,
Nossa gente tão marcado,
Esperando sempre chover um tiquinho
Pra ficar mais aliviado
Não está na luta sozinho.

E um homem também chora
Ao deixar sua terra querida
Deixa tudo e vai embora
Em busca da terra prometida.
Quando penso no que fiz
Dá vontade de chorar
O povo do norte tá feliz
Seu ‘dotó’ vou lhe contar’’.

Poesias do livro: Caminhos do Meu Ser