PINCELADAS SOBRE O PRÍNCIPE DE MAQUIAVEL¹

José Osório de Lima Filho²

O principado novo conquistado com armas e virtudes próprias, apresenta maior possibilidade na conservação da conquista, pois a sua virtus,  bem como a sua fortuna, contribui para que o príncipe consiga ter o controle da situação, quer dizer, possua autonomia nas suas decisões. Embora o mesmo possa enfrentar alguma dificuldade inicial. 
Já o principado novo adquirido por favor, armas e virtus alheia, esboça uma instabilidade do príncipe no seu governo, já que o mesmo dependendo dos outros, não consegue ter liberdade administrativa, uma vez que os que o colocaram no poder, querem mandar igual ou mais que ele, salvo algumas exceções de príncipes que consegue adquirir a virtus depois que ganha o principado, um exemplo é César Bórgia. 
O principado civil se for criado pelo povo (cidadão comum) é mais fácil de ser administrado, pois o homem comum não quer ser oprimido, logo o príncipe precisa agir de modo a respeitar a propriedade, a família e a liberdade. Porém, se o mesmo for construído por uma elite, apresentará complicações na gestão do estado, pois os nobres são volúveis e mesquinhos. 
No principado eclesiástico, a religião antiga contribui para a manutenção da ordem, embora a disputa de poder feita pelas facções cause desordem. 
Desta forma, tanto no principado civil, quanto no eclesiástico, o príncipe precisa agir de modo a manter a ordem, respeitando o povo que é a maioria e se preciso usar da violência contra a nobreza em seus excessos, pois esta é muito perigosa para o príncipe. Assim o príncipe tem que ser temido, usar das leis civis e militares e fazer bom uso do exército. Assim sendo precisa retirar da nobreza os cargos das instituições, deixando os nobres sem prestígio, isto é, sem poder. 
Portanto, o príncipe para ser querido e respeitado, só pode ser cruel em casos que apresentem justificativas para ação truculenta, ou seja, perturbação da ordem pública. A piedade do mesmo não pode ser exagerada, pois o mesmo pode com isso, perder os seus bens, bem como ser considerado efeminado, e não respeitado pelos súditos. Além disso, o príncipe não pode agir de má fé no sentido literal e sim superficial, aliás, precisa parecer bondoso e agir de acordo com as necessidades, e se preciso for atuar com maldade, mas para isso precisa demonstrar uma explicação bondosa, para evitar o ódio e suas consequências. Por fim, o príncipe precisa ter cuidado para não ser desprezado pelos súditos e cidadãos, para isso é necessário que o mesmo haja, de forma prudente nas situações de paz e guerra, ou seja, usar a virtude para equilibrar o bem-estar, assim, é inviável que o príncipe seja truculento no período de paz. 

1. Paper
2. José Osório de Lima Filho – professor de História.