Minha terra, o Apodi
é terra de muita terra;
e e eu não vejo por aqui,
a terra onde o pé se enterra.

A areia do Apodi
é tão gostosa e fofinha;
por estes lagos não vi,
qualquer terra igual à minha.

E os cururus do Apodi
são bonitinhos, de fato;
por aqui ainda não vi,
iguais no lago ou no mato.

Os grilos da minha terra,
e as cigarras do Apodi,
quando cantam lá na serra,
não se comparam aos daqui.

Aquelas serras bonitas,
que circundam o Apodi,
têm belezas infinitas,
como não há por aqui.
Meu protetor João Batista ,
minha mãe da Conceição,
não deixem que eu resista,
em voltar pra meu sertão

Quero ver a Soledade
quero voltar à lagoa,
quero mata a saudade,
que em meu peito rebôa.

Quero o aroma do aguapê
penetrando em meu pulmão,
quero percorrer a pé,
as terras do meu rincão.

Quero apanhar Umari
lá nas margens da lagoa,
e, olhar ao sol do Apodi,
passeando de canoa.

Quero ver o Poço Fundo,
lá no Córrego do Despejo,
e mergulhar naquele mundo,
que há tanto tempo não vejo.

Quero ver a flor de pau-branco,
e vagens de jatobá,
ver mufumbo de barranco,
no Córrego do Carcará.

Quero ver meu Juazeiro,
lá na Ladeira das Varas,
quero ver o Taboleiro,
com suas belezas raras.

Desejo ver o ervanço,
florando no Taboleiro,
e quero ficar em descanso
em sombra de umarizeiro.

A canoa de Vida mansa,
na qual tanto passei,
nunca me sai da lembrança,
jamais eu a esquecerei.

Quero ver uma vez mais,
o sítio do Jatobá,
percorrer seus areiais,
ver flores de Manacá.

Quero comer tribo assado,
em braseiro de aroeira
E ficar um tempo sentado
num pé de tamarineira.

Quero voltar pra Apodi,
voltar para aquele chão,
quero voltar para ali
mesmo morto e num caixão.

Fonte: FLAGRANTES DAS VÁRZEAS DO APODI - José Leite Separata de Pre-lançamento