Procure uma escola profissionalizante e veja a relação de cursos. Com certeza não haverá mais aulas de datilografia ou manutenção de máquinas de escrever, nem de videocassetes. Tudo isso ficou para trás, e olha que o videocassete nem é tão velho assim, mas perdeu sua função com a chegada do DVD.

Alguns profissionais como leiteiros e padeiros - não os que trabalham em padarias, mas os que fazem pães em casa e vendem de porta em porta - dificilmente serão encontrados. A tecnologia transformou a vida de todos, e profissões que eram comuns em outros tempos foram se extinguindo aos poucos, apesar de alguns "românticos" morrerem de saudades delas.

Se por um lado a tecnologia avançou a níveis inimagináveis e tirou muita gente do mercado, essa mesma tecnologia deu sobrevida a algumas profissões. Mas se há um profissional que não vemos com frequência, este profissional é o barbeiro. Já não se encontram na cidade aquelas barbearias românticas, com as cadeiras antigas, onde aos homens iam mais para fazer a barba do que para cortar o cabelo. Às vezes eles apareciam para fazer "barba, cabelo e bigode".

O barbeiro era um profissional tão valorizado que até em ópera fizeram em sua homenagem ("O Barbeiro de Sevilha", de Giovanni Paisielo). Atualmente, são raros os profissionais que mantêm a aura romântica de outrora. Hoje em dia os grandes salões de cabeleireiros dominam as atividades e a figura do barbeiro é quase obsoleta, mas há os que resistem.

Um deles é Francisco Diassis Penha, que atua a 37 anos na profissão de barbeiro no centro de Apodi. Francisco Diassis aprendeu o ofício ainda jovem e não parou mais. Trabalhou durante alguns anos de empregado, mas resolveu abrir sua própria barbearia. Hoje ele atua no centro de Apodi e tem uma freguesia selecionada. "Tenho clientes que fazem a barba e corta o cabelo comigo há exatos 37 anos, que procuram a gente para fazer a barba e cortar o cabelo", comenta emocionado.

O corte de cabelo e a barba custam R$ 10,00. Mensalmente, o barbeiro chega a faturar algo em torno de R$ 2.000. Sua clientela é formada em sua maioria por aposentados. 

Francisco Diassis reconhece que a figura do barbeiro já se tornou folclórica, e por causa da modernidade muita freguesia se perdeu, mas os clientes atuais "herdaram" o barbeiro dos pais e avôs. "Passou de pai para filho. Tem freguês que eu já fiz a barba do avô, do pai e agora faço do filho, são pessoas que preferem a tesoura em vez da máquina de cortar cabelo, mas aqui tive que acompanhar a modernidade", comentou se referindo à máquina de cortar cabelo, mas a cadeira é a antiga.

Em Apodi tinham vários barbeiros, mas a maioria já morreu como é o caso de Neném Barbeiro, Zezinho Barbeiro, Milton Barbeiro e outros. Atualmente na cidade só existem dois salões.

Cliente de Francisco Diassis há vários anos, Sidney Gama disse preferir cortar o cabelo e fazer a barba com o barbeiro do que nos salões modernos da cidade.