Maria Romana,
tão grande quanto o seu nome.
Uma mulher digna: MARIA
Católica, apostólica: ROMANA
Serena, segura, amiga,
Não teve filhos e sim duzentos e trinta e quatro afilhados
Apegados, apanhados.
Teve um momento inesquecível, quando num crisma foi ao altar trinta e sete vezes;
Dom Gentil achou que ela merecia “uma rodada de bençãos.”
Dos afilhados ela anotava o nome (de forma cartorária)
Foi dona de cartório por mais de trinta anos.
No Natal embalando presentes e mais presentes
Foi sempre uma madrinha presente
No riso, na lágrima.
Sempre foi uma dama
Majestática em sua cadeira, na calçada,
Em conversas bem informadas
E ela nem precisou ser formada
Formou a melhor opinião popular e todos a admiram.
Uma vez foi candidata, mas nunca quis ser política
É uma mulher polida, humilde
E que só acha valioso o que é simples.
Maria Romana:
Uma mulher fina, elegante
Uma rainha sem precisar de trono
Nunca precisou de súditos.
Duzentos e trinta e quatro afilhados.
Foram Joões, Franciscos e Marias
Pedros, Aluizios, Michelles e Luzias
Pobres, ricos, médios e mendigos
Feios, bonitos, sadios e doentes
Mas todos de pais contentes com a madrinha que na Igreja jurou amar e cuidar.
MARIA ROMANA LEITE
A eterna tabeliã que não sabia tabelar preços
Trabalhava de graça com apreço
Pelo prazer do aperto de mão e a alegria de ver nos olhos a emoção
De uma amizade que seria eterna.
Uma mulher admirável
Amiga dos meus pais, do meu povo.
Minha comadre, minha amiga
Amiga de tantos
Madrinha de muitos.

(Ano 1998)
Poema do livro "CONTRAPONTO" de Dodora, dedicado a amiga Maria de Abilia,