Antes de as pessoas ficarem vidradas na TV, elas iam para as ruas. E, não se espantem, gostavam de conversar por horas a fio nas praças e esquinas de ruas. Ria-se muito. Aprendia-se algumas coisas e amizades eram tecidas. Em Apodi, nos idos de 1970, era assim. 

Toda esquina, uma turma. E cada turma, uma especialidade de conversa. Havia aquelas especialistas em falar mal da vida dos outros. Outras turmas eram especialistas em futebol. E outras, em política. Mas, todas elas, com o avançar da noite, tornavam-se espaços para as estórias de mal-assombro.

Quando chegava esse momento, das estórias de mal-assombro, cada um se esmerava mais para contar algo que deixasse os outros amedrontados durante o resto da noite.  
Que tempo aquele! A gente tinha mais medo dos mortos do que dos vivos.

Escrito pelo professor Edmilson Lopes Júnior