Todo trabalho de cunho histórico sobre o desenvolvimento econômico e social do sítio "SOLEDADE" passa, necessariamente, pelos perfís genealógicos das famílias BRUACA, TARGINO e TENÓRIO, com reluzente veemência. Entrelaçadas entre si por indissolúveis laços familiares, constituem 99% da população daquele rincão. Dentre a vastíssima família BRUACA, os que mais se destacaram foram os Srs. Zé Bruaca, João Bruaca e Baiôto, cujo nome civil era ANTONIO MANOEL DA COSTA. Baiôto casou com Maria dos Santos de Oliveira, cearense da cidade de Aracoiaba, de cujo matrimônio nasceram os seguintes filhos: F.01- MANOEL DOS SANTOS DE OLIVEIRA (Manoel de Baiôto), que casou com sua prima Maria Alice Torres dos Santos,filha de Antonio Avelino da Costa e Cristina Targino da Costa; F.02- FRANCISCO DOS SANTOS DA COSTA (Chico de Baiôto),que casou com Maria Dália da Costa, irmã da esposa de seu irmão Manoel; F.03- JOÃO DOS SANTOS DA COSTA (João de Baiôto), que casou com sua prima Neguinha Targino; F.04- LUÍS DOS SANTOS DA COSTA (Turica),casado com Maria Targino; F.05- PEDRO,que faleceu solteiro; F.06- JOSÉ (Zé de Baiôto) que casou com Maria Targino da Costa;F.07- MARIA JOSÉ, casada com Manoel Antonio Targino; F.08- LUCIMAR, casada com Batista; F.09- ZIÁ, casada com Alcides Targino; F.10- MARIA DAS DORES,casada com Antonio. Como se vê, quase todos os filhos de Baiôto casaram-se com pessoas da família Targino, conservando assim a tradição dos avós e bisavós, que só casavam com primos, e em alguns casos, sobrinhos casando com tias, como é o caso do Sr. Odilon Targino, que era casado com uma tia, conhecida como Preta. O velho Simão Bruaca, que tinha o nome civil SIMÃO NOGUEIRA DA SILVA, tinha um filho com o mesmo nome, que vem a ser o pai de Dona Santoza,casada com o Sr. Antonio do Casado (Por ter nascido no sítio "Casado"), cujo nome civil era Antonio dos Reis Magos da Costa, que por sua vez são os pais do ex-prefeito Simão Nogueira Neto.
A brava e prolífica família TARGINO teve como patriarca o Sr. FRANCISCO TARGINO DA COSTA, que casou duas vezes: Em primeira núpcias com BERNARDINA RUFINA DA CONCEIÇÃO, filha de João Evangelista de Oliveira e de Rufina Maria da Conceição. Bernardina faleceu no sítio "Soledade", de asma, em 12 de Fevereiro de 1915, aos 53 anos de idade, deixando o viúvo e os seguintes filhos:F.01- FRANCISCO TARGINO FILHO, que casou com sua parente Francisca Maria da Conceição,conhecida como Tachica, cearense de Aracoiaba;F.02- EDUARDO TARGINO DE OLIVEIRA, casado com Maria Benedita de Melo, pais de João de Eduardo e de Natim Targino;F.03- MARIA TARGINO DE OLIVEIRA (Nasceu em 1895), que veio a casar com Francisco Fernandes do Rêgo,conhecido como Chico Simão,filho de Simão Fernandes do Rêgo e Maria Pastora da Conceição. Simão era afrodescendente, posto que filho natural de Clara Maria da Conceição, escrava do Capitão Francisco das Chagas Cândido de Souza. F.04- JOÃO TARGINO DE OLIVEIRA,nascido em 1897, casou com Maria Gomes, da família dos Valdevino, e foram pais de Dozé, Preta - casada com Odilon Targino, Nazaré casada com Miguel Preto, Tonha - casada com Mundinho Targino, Francisca - casada com Chico Tenório, e Maria, casada com Chico Reinaldo do sítio "Boa Vista". F.05- FRANCISCA, nascida em 1901; F.06- JOSEPHA TARGINO DE OLIVEIRA,nascida em 1900; F.07- ANTONIO TARGINO DE OLIVEIRA, casado com Arcanja Maria do Rosário, filha natural de Francisca Lázara do Rosário. Eduardo Targino ficou viúvo de Maria Benedita de Melo a 28 de Agosto de 1918, e casou mais duas vezes com duas irmãs: Maria Joana e Maria Arcanja. Como se vê, Eduardo e o irmão Antonio Targino foram casados com duas irmãs,sendo certo que os filhos são primos carnais.
O patriarca FRANCISCO TARGINO DE OLIVEIRA casou em segunda núpcias com JOANA MARTINS, de cujo matrimônio nasceram os filhos: F.01- ANTONIA, casada com Francisco Justino; F.02- ISAURA, casada com João Targino; F.03- JOÃO MARTINS, casado com Francisca Targino, filha de Antonio Targino; F.04- BADÚ, casado com Maroca, filha de Simão Nogueira e Maria Luíza. Maroca era irmã de Dona Santoza, mãe do ex-prefeito Simão Nogueira Neto. A sogra (duas vezes) do velho Eduardo Targino de Oliveira, a Sra. FRANCISCA LÁZARA DO ROSÁRIO era filha João José do Rosário e de Quitéria Lázara do Rosário, e faleceu no sítio "Soledade" em 10 de Setembro de 1932, já viúva de Sebastião Costa, de quem não teve filhos. Teve três filhas naturais.
Compulsando os principais livros que tratam da história do Ceará, resta comprovado o emblemático carisma do bravo bandeirante MANOEL FRANCISCO DOS SANTOS SOLEDADE. Varava os sertões sob a modalidade semifeudal,ou seja, à ferro e fogo, bramindo o seu facão na abertura das veredas, e fazendo ecoar o ensurdecedor tiro do seu bacamarte boca-de-sino, o que afastava a indiada dos seus caminhos. Antes de fixar moradia em Apodi, estivera percorrendo as terras cearenses da famosa "Serra Grande" no ano de 1730, tendo como objetivo explorar suposta mina de prata, no lugar onde hoje está situada a cidade de Ubajara. Requereu e recebeu do governo da capitania do Ceará uma concessão de Carta de Data de sesmaria, expedida em 08.01.1730, dando-lhe três léguas de terras de comprimento por uma de largura. Desapontado pela constatação de que não existia o tal filão de prata, abandonou ditas terras, que foi novamente concedida em 17.06.1738 ao Capitão Antonio Gonçalves de Araújo, tido com fundador da cidade de Ubajara. Em meados do ano de 1730 noticia-se que Manoel da Soledade encontrava-se recolhido preso no Forte de São Pedro, na Bahia, por causar grandes aborrecimentos ao Vice-Rei do Brasil Vasco César. Só encontrou a tão sonhada paz espiritual quando fixou moradia na Chapada do Apodi, quando recebeu sua concessão de Data de Sesmaria a 01.02.1766, onde já instalara seus currais de gado e efetivara sua posse, estabelecendo assim o marco inicial da civilização no lugar que viria a ser denominado de sítio "soledade".
Marcos Pinto - historiador e presidente da Academia Apodiense de Apicultura - AAPOL
Marcos Pinto - historiador e presidente da Academia Apodiense de Apicultura - AAPOL