Eu vi, tenho certeza que vi alguns professores enfurecidos defendendo a redução da maioridade penal. Eu sei que este tema já encheu, a mim também, mas essa questão e esse comportamento, vez ou outra, voltam a me atormentar.
Se uma de suas filhas fosse vítima, alguns me perguntam, e eu respondo: e se o criminoso for seu filho?
Não quero aqui discutir verdades ignorantes. Não sei como reagiria com um moleque que me assaltasse na rua ou ferisse alguém meu. Mas não estamos falando de instinto, de reação ou mesmo de justiça.
Queria saber o que fazer, por exemplo, com a menina de 12 anos que furtou o celular de uma professora. Devo pensar que a lei precisa se estender a ela também?
Eu sei, eu sei, o bandido depois de formado para dar marcha à ré é complicado, mas há de existir uma maneira de cuidar disso. Alguém no mundo deve estar conseguindo, não?
O professor é que tem levado mais pancada, concordo, e até me solidarizo com ele, como também com aqueles que tiveram vítimas em casa, vítimas de verdade. Mas daí achar que posso apoiar a lei apenas por emoção, não sei se me parecesse justo.
Eu também estou com medo e revoltado, não pense o contrário, mas pense um pouco. Pare um instante e pense se ao seu redor não tem nenhum jovem, parente ou não, capaz de cometer qualquer erro, por menor que seja.
Não estou falando de latrocínio, assassinato, briga de gangues. Pode ser uma batida de carro, uma briga na escola, porte de um entorpecente, um passo de rebeldia. Por que ele terá de ser punido dentro de um presídio com 16, 17 anos?
Não sei, posso me arrepender, mas acredito que há outro jeito. Deve haver.
José de Paiva Rebouças – Jornalista