Dissertação: Discurso, Mídia e Memória na (re)Construção da História da Sexualidade Feminina
Autor(a): Leila Karla Morais Rodrigues Freitas
Curso: Letras 
Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
Publicação: 2012
Fonte do artigo: UERN


Resumo: 
Esta dissertação intitulada Discurso, mídia e memória na (re)construção da história da sexualidade feminina objetiva descrever/interpretar, nos enunciados presentificados nas revistas Nova e Women’s Health, os movimentos da memória que constroem a história da sexualidade feminina na mídia contemporânea. Para tanto, partimos do edifício da Análise de Discurso francesa, a partir do qual travamos um fecundo diálogo com as Teorias de Gênero, os Estudos Culturais e a Comunicação Social. Com base no pressuposto de que a mídia é a responsável-mor pelo engendramento e divulgação de novas formas de subjetividade, investigamos como ela erige-se em prática de subjetivação na modernidade face ao sujeito feminino, via discursivização/exposição do seu corpo-sexo. Para a realização deste intento, as contribuições legadas por Michel Foucault à AD foram fundamentais, especialmente as no que respeita as suas reflexões sobre o sujeito, em suas interrelações com o saber, o poder e a verdade. O corpus desta pesquisa é composto por enunciados veiculados pelas revistas Nova e Women’s Heatlh nas edições relativas aos anos de 2008 a 2011. Para tratamento do corpus adotamos como dispositivo analítico a noção de trajeto temático embargada por Guilhaumou e Maldidier (1994). Nesta pesquisa, para auxiliar-nos na leitura dos enunciados, definimos o trajeto de leitura Corpo, Sexo e Prazer, ao qual correspondem os eixos: Sedução, corpo e beleza e Sexo, prazer e subjetivação. As investigações revelaram-nos que a mídia não reconstrói a história da sexualidade feminina, como sugere seu discurso e como supúnhamos inicialmente. O que há, em verdade, é tão-somente uma suposta (re)constituição dessa trama. Envolto no fio da memória, o discurso midiático contemporâneo, aliado ao discurso médico e estético, (re)atualiza dizeres/saberes sobre o sexo que não subvertem, mas ratificam verdades históricas. A observação do processo de constituição e discursivização de Nova e Women’s Health nos revelou que a articulação dos jogos/discursos de verdade, dos cuidados de si e da confissão, além de recorrente em ambas, é o que as possibilita (re)agenciar o sujeito feminino contemporâneo, especialmente em relação ao seu corpo-sexo. Mediante este estratagema as revistas promovem a alternância entre movimentos de autoconhecimento e autocontrole, como etapas de um processo que culmina na (re)fabricação dos sujeitos. Nossas análises apontem ainda que o dispositivo da sexualidade não desapareceu do discurso midiático moderno, apenas se modificou, passando, estrategicamente, da função de controle-dominação, para a de controle-incitação.