Lajeiros da Soledade,
chão de pedra em rocha bruta,
cal e laje em quantidade,
largo trecho em furna e gruta.

Labirintos e cavernas,
caminhos sem sol nem luz,
guardam lembranças eternas,
da terra de Santa Cruz.

Olheiro d’água que brota
d’entre pedras ressequidas,
tudo ali é furna e grota,
atestado de outras vidas.

Um mundo subterrâneo,
um mundo escuro e sombrio,
que nos traz medo instantâneo
e, nos impõe um arrepio.

Um emaranhado de grutas,
pontilhado de caprinhos,
com salas em pedras brutas,
viveiro de muitos bichos.

Inscrições admiráveis,
talha e pintura nas rochas,
até hoje indecifráveis,
só vistas à luz de rochas

Animais fossilizados,
se avisam por toda parte,
pelas lajes incrustados,
com desvelo, engenho e arte.

É assim a Soledade,
na Chapada do Apodi,
um viveiro de saudade,
Pra quem viveu por ali.

A Soledade e os lajeiros,
são esquecidos nas leis
e, os seus gritos verdadeiros,
até hoje estão sem vez.

Nunca ninguém se proteger
de proteger os lajeiros,
nunca ninguém lá chegou,
sem propósitos interesseiros.

De uma fúria arrasadora,
nada protege os lajeiros,
da onda destruidora
vinda dos tempos primeiros

Lá impera a picareta,
a dinamite e a alavanca,
o machado e a marreta,
facão, trator e chibanca.

Flagrantes das Várzeas do Apodi - José Leite(Separata de Pré-Lançamento).