Jumento perneta,
tão estimado,
tão esforçado,
que levava uma carga de carreta.

A marcha airosa,
desse jumento,
a qualquer momento,
era assunto da mais vibrante prosa.

Cargas de lenha,
cargas de palha,
na sua cangalha,
ele as trazia da mais distante brenha.

Da cidade ao Sabiá,
da Soledade a Miranda,
ele ligeiro se manda,
e bem cedo, bem cedo, vai chegar.

E o bom perneta,
de perna curta,
viveu à custa,
do modesto trabalho de zambeta.

Meu companheiro,
de muitas lutas,
viagens brutas,
vencidas pelo seu andar ligeiro.

Nota: Homenagem a um jumento muito especial, que pertenceu ao meu pai, e junto ao qual trabalhei por vários anos, quando menino.

Flagrantes das Várzeas do Apodi - José Leite(Separata de Pré-Lançamento)