Oh mamãe! Tu te fostes e eu agora

estou triste e sozinho
sem a tua benção,
sem o teu carinho,
Desamparado pela tua falta
e, já não sou mais o garotinho de outrora.

Boas lembranças acalentam a minha dor,
adormecendo as penosas saudades,
Mas, aquele menino que criastes,
ainda sente a tua falta
e, a tua ausência,
inesquecida e velada com amor.

Oh mamãe! Fiz aquilo que tu me ensinastes,
não fiz mal a ninguém,
trabalhei e trabalho.
Criei muitos filhos,
netos e bisnetos
e, dou a todos as lições que me passastes.

Oh mamãe! Como foi bom para mim,
ser teu primeiro filho.
E viver por tanto tempo
em tua doce companhia.
Aprendendo tantas coisas boas
e, ser teu vendedor de cocada e alfenin.

Oh mamãe! O papagaio acertou:
aquele bilhete de feira
foi uma pura verdade.
Hoje eu sou rico,
não de dinheiro; de capacidade.
Nunca fui preso; cheguei a ser doutor.

Brasília/DF, 18 de agosto de 1989.

Flagrantes das Várzeas do Apodi - José Leite