Dói te ver corroendo-se assim
dependurada, arrastando-se em fumaças;
teu corpo em pó de consumindo
vai explodindo toda a dor
de um coração tão só, tão triste e vivo.

Quisera estar contigo em tua agonia
ensinar-te novamente a viajar em pleno dia:

- Sem fumaça, sem bebida,
todo o pó de tua estrada eu limparia
e faria de tua vida mais que uma vida!

Corrói a dor de tua voz
rastejando-se entre doses e cigarros;
pra que sofrer assim tamanha dor;
deixe que eu te arranque de teus braços;
- Vem, em minha estrada há espaços pra nós dois.

"Anjo Torto"
Aluísio Barros