O estudo da toponímia deriva de trabalho investigativo em documentos oficiais, tais como inventários, relatórios topográficos, escrituras públicas e particulares, além de também consubstanciar-se na tradição oral, que transmite informações históricas de geração à geração. É bem verdade que a tradição oral, nas mais das vezes, fixa na memória popular fatos totalmente divorciados do cunho da verdade histórica. As denominações toponímicas estão sempre ligadas à imagens recorrentes, fixadas pelo homem em sua inter-relação com o ambiente que escolheu para fixar moradia. Partindo deste contexto, adentremos na história da BAIXA DO MURIÇO e AÇUDE DO MURIÇO.

Assim como o humilde agricultor denomina de Lagoa do "Quelementino", empregando a corruptela do nome Clementino, também deu origem a mais uma corruptela popular, quando denominou a segunda baixa ou declive, de quem desce a serra de Apodi pela BR 405, como "BAIXA DO MURIÇO", cujo nome "Muriço" deriva do nome do Sr.FCO MAURÍCIO FERNANDES, natural do sítio "Caatinga", em Caraúbas-RN. Maurício, ou "Muriço" chegou em Apodi no ano de 1930, onde casou com JOANA ANGELINA LEITE, filha de Maria Baralho, a quem pertencia ditas terras compradas por "Muriço", que casou em segunda núpcias, por viuvez, com a Sra. MARIA COSTA, nascida no sítio "Santa Rosa". O velho "Muriço" era compadre do maior caçador de nambús do Apodi o Sr. Euclides Costa, residente na rua Marechal Floriano.

Nas terras que compreendem a "Baixa do Muriço" encontra-se instalado o posto de combustíveis do Sr. Luizinho de Lucas de Bréu (Bebel), observando-se um pequeno açude em suas imediações, situada na margem da BR-405. Esse pequeno açude teve sua origem no ano de 1948, quando foi feita a estrada de rodagem ligando Apodi à Mossoró, tendo sido feito serviço de aterro naquele trecho, sendo certo que tal aterramento fez com que a estrada servisse como parede de açude. 

Antes da estrada ter sido feita, esta baixa do velho "Muriço" dava passagem a parte das águas pluviais que desciam da serra, o que dificultava o trânsito de veículos, formando atoleiros. Há um fator preocupante nesta famosa "Baixa do Muriço", que é o aterramento feito pela Prefeitura do Apodi, dentro do leito do açude, em cujo aterramento está sendo feita pavimentação com paralelepípedos. Com certeza, durante o período invernoso haverá sérios transtornos para as casas que se situam naquele entorno do "açude do Muriço", posto que diminuirá o espaço por onde as águas invernais fluíam. Do primeiro casamento do velho "Muriço" nasceram os filhos Francisco Fernandes Neto (Chico de Muriço), residente em Mossoró; João Maurício (João de Muriço); Raimundo de Muriço; Maria, Nestor, José e Luzia. Do segundo consórcio nasceram os filhos Manuel (Baduca), Antonio, Raimunda e Mimosa. Em 1955 o Sr."Muriço" vendeu ditas terras ao Sr. Izauro Camilo, ex-prefeito de Apodi. A "Baixa do Muriço" e "Açude do Muriço" são dois topônimos que desapareceram nas cinzas do tempo.

Copiado do: Blog Potyline
Por Marcos Pinto - historiador apodiense