BENEDITO DANTAS SALDANHA, que também se assinava como sendo Benedito da Silva Saldanha, nasceu em Brejo do Cruz-PB no ano de 1894, filho legítimo de Benedito Dantas da Silva Saldanha. Benedito Veras Saldanha, era o seu sobrinho-paterno. Era casado com sua prima Etelvina Saldanha, filha de seu tio paterno Capitão Pedro da Silva Saldanha.

Em 1920 comprou a fazenda "Setubal" em Caraúbas-RN, onde instalou seu grupo de cangaceiros, comandado por ele e seu não menos truculento irmão Joaquim da Silva SAldanha, popularmente conhecido como Quinca Saldanha. Dentre os seus cangaceiros, destacaram-se os terríveis Massilon Benevides e Júlio Porto. Desde o ano de 1920 passou a cerrar fileiras com Tilon Gurgel e Juvêncio Barreto, Francisco Gurgel de Freitas (Chico de Freitas) Manoel Elias de Lima, Martiniano de Queiroz Porto, na oposição política à facção comandada pelos Coronéis João Jázimo Pinto e Francisco Ferreira Pinto.

Em 10 de Maio de 1927 o Massilon Benevides e o Júlio Porto invadiram e assaltaram a cidade de Apodi, comandando parte do bando de Lampião, que se achava acoitado na serra do Pereiro, no Ceará, na fazenda "Bálsamo", genro do virulento Tilon Gurgel, do então povoado Pedra de Abelhas, atual cidade de Felipe Guerra.

Foi eleito Deputado Estadual em 1934, tendo renunciado por sério entrevero com o também Deputado Estadual Pedro Matos, do município de Santana do Matos.

Foi nomeado Prefeito de Apodi, tendo sido empossado em 10.01.1933, cuja posse causou sérios estragos no cenário político e da imagem do então governador/Interventor BERTINO DUTRA, que viu sua administração escandalizada, só restando demitir BENEDITO SALDANHA, que contava apenas 05 meses e 14 dias como administrador do município de Apodi. Observe-se que durante o governo ditatorialista do Getúlio Vargas, foram nomeados como Prefeitos do Apodi dois reconhecidos coiteiros e Chefes de cangaceiros - TILON GURGEL e BENEDITO SALDANHA.

Investido da condição de Prefeito nomeado, à época denominado de Interventor, protagonizou violento atentado, quando na manhã do dia 18 de Abril de 1933 mandou trazer à sua presença o Coronel Lucas Pinto, escoltado sob ameaça de três cangaceiros/capangas armados, ocasião em que empunhando um revólver, tentou obrigar o Coronel Lucas Pinto engolir duas bolas feitas com jornal, sob a alegativa de que o líder político Apodiense mandara veicular notícia no Jornal "A RAZÃO", impresso e com sede em Natal, dando conta de que ele e seu irmão Quinca Saldanha comandavam grupo de cangaceiros, acoitados em sua fazenda em Caraúbas, e com atuação em Apodi e região. 

O Coronel Lucas Pinto foi salvo desse vexame graças à intervenção do valente Apodiense DECA CAVACO, que ao saber que o seu padrinho se encontrava sob ameaça do Benedito, dirigiu-se até o sobrado onde se desenrolava o sério atentado à integridade física do Cel. Lucas Pinto. Em lá chegando, dois cangaceiros tentaram impedir o acesso do Deca Cavaco, que ao descer do seu cavalo já empunhou seu punhal e deu dois sopapos nos dois cangaceiros, derrubando-os de uma só vez, ao mesmo tempo em que advertiu-os para que não insistissem em impedir o seu acesso. Ao chegar ao pavimento superior, encontrou Benedito aos gritos, obrigando o Coronel Lucas Pinto a engolir as bolas de jornal. Incontinenti, o Deca cravou o seu punhal no birô do Benedito e exclamou: Se não comeu não come mais. Encarou o Benedito e falou: Vou levar o meu padrinho, e se você se meter derrubo-lhe com um só tiro no meio da testa.

Dito isto, mandou que o Coronel Lucas Pinto seguisse na frente que ele iria atrás, protegendo-o. Ao Benedito, que já havia sofrido uma cantada do Deca Cavaco, só restou a alternativa de convidar o Deca para mais tarde beberem e jogarem baralho juntos, no que o Deca respondeu que não bebia nem jogava com bandido. Nesse dia, o Coronel Lucas Pinto era o homem marcado pra morrer. Benedito Saldanha faleceu envenenado por sua amante, na cidade de Maranguape, onde residia, por volta do ano de 1954.

Fonte: Marcos Pinto - historiador apodiense