Paredão de calcário quê deu origem ao nome
Pedra de Abelha a atual cidade Felipe Guerra

A primeira denominação toponímica do atual município de Felipe Guerra-RN foi "PEDRA D'ABELHAS", que deriva do fato histórico de que existia, e ainda existe, um enorme bloco calcário com um buraco em sua estrutura, que ao longo de remoto tempo tem servido como espécie de colmeia natural, proporcionando a situação de grandes enxames de abelhas nativas da região. Esta pedra está situada na encarpa da serra do Apodi, ao lado da estrada que dá acesso ao sítio "Brejo de Felipe Guerra", antigo "Brejo do Apodi". Até o ano de 1948 esta estrada constituía o caminho de todos os viajantes e comboeiros que demandavam da região do Oeste e Alto Oeste no rumo de Mossoró. Daí que a antiga cidade denominada de "Pedra de Abelhas" surgiu como núcleo estradeiro.

Com exceção da família GURGEL DO AMARAL, oriunda de Aracati-CE, todas as famílias do município de Felipe Guerra tem origem na fértil "Várzea do Apodi", cujas terras de aluvião tem sido a força motriz do progresso e do desenvolvimento do Vale e do município do Apodi. Para adentrar no assunto que dá título à este despretensioso artigo, há que se ressaltar que, desde o dia em que houve o rompimento político entre as famílias PINTO e GURGEL, ocorrido no dia 02 de dezembro de 1897, entre os patriarcas Coronel ANTONIO FERREIRA PINTO e Coronel FRANCISCO GURGEL DE OLIVEIRA (Bisavô materno de Laire Rosado), nasceu uma predisposição político/belicosa entre o povo de "Pedra de Abelhas" e os Apodienses.

Neste dia, o Cel. FERREIRA PINTO fez veemente protesto perante os seus pares, na tribuna da Assembléia Legislativa potiguar (Investido no primeiro mandato de Deputado Estadual) contra a injustificada atitude de rompimento político do Coronel GURGEL com o Dr. Pedro Velho, responsável pela instalação do regime republicano no RN em 1889. Ocorre que o patriarca da família GURGEL em "Pedra D'Abelhas" - O Capitão TIBÚRCIO VALERIANO GURGEL DO AMARAL (Natural do Aracatí-CE), era tio materno do Coronel Francisco Gurgel de Oliveira (Coronel Gurgel) e, como tal, apoiou a tomada de decisão política do sobrinho.

Felipe Guerra

Tibúrcio era o pai de TILON GURGEL DO AMARAL. A partir daí, nasceu o espírito de rivalidades recíprocas entre os Apodienses e os "Pedrenses de Abelhas", cuja rixa perdurou até o ano de 1963,(18.09.1963) quando o então Distrito de "Pedra de ABelhas" foi elevado ao predicamento de cidade e município, com o nome de FELIPE GUERRA, em homenagem a um cunhado de Tilon Gurgel. Felipe Guerra era casado com uma irmã de Tilon Gurgel. Faço a observação de que o Dr. Felipe Guerra não trouxe nenhum benefício para a comuna de "Pedra de Abelhas", para tutelar a razão de ter o seu nome como patrono toponímico do novel município. 

Casa de Tilon Gurgel

Apesar de liames familiares existentes entre os Coronéis FERREIRA PINTO e GURGEL - o primeiro tinha a avó paterna como irmã do pai do segundo, ou seja, dona JOAQUINA MARIANA DE JESUS era irmã do Tenente-Coronel Antonio Francisco de Oliveira - pai do Coronel Francisco Gurgel de Oliveira (Coronel Gurgel), a indisposição política foi se acirrando entre essas duas famílias tradicionais.

No ano de 1913 houve uma ligeira trégua, com os casamentos de dois componentes da família PINTO com duas moças da família GURGEL: Dr. Vicente Ferreira Pinto, Promotor Público, filho do Coronel FERREIRA PINTO, com a Srita FILOMENA GURGEL, irmã de Tilon Gurgel, e o agropecuarista FRANCISCO DIÓGENES FILHO (Sêo Diógenes - pai de Zé Diógenes) casou com CAETANA GURGEL FILHA (Dona Caetaninha) também irmã de Tilon Gurgel.

Sêo Diógenes era sobrinho materno do Dr. Vicente Pinto. Em 1919 reacendeu a intriga familiar e política entre estas famílias, originada no fato de que dois componentes da família PINTO abriram dissidência política - Os Srs. SEBASTIÃO PAULO FERREIRA PINTO e seu primo JOÃO DE DEUS FERREIRA PINTO, que se aliaram à cerrada oposição à família PINTO, liderada por Tilon Gurgel. 

Tilon Gurgel

A partir deste ano de 1919 o município de Apodi e seu povo passou a ser teatro de correrias e tropelias protagonizadas por jagunços componentes da milícia particular comandada por DÉCIO HOLANDA, cearense do Pereiro, onde em 1927 "acoitou" o bandido Lampião e seu bando, na sua fazenda de nome "Bálsamo".

Neste mesmo ano de 1913, o Coronel FRANCISCO FERREIRA PINTO casou com sua prima MARIA SALOMÉ DIÓGENES PINTO (Irmã de Sêo Diógenes), que fora adotada em criança pelo Coronel JOÃO JÁZIMO DE OLIVEIRA PINTO e esposa ISABEL SABINA DE OLIVEIRA FILHA (Bebela de João Jázimo). Aquí, cabe fazer uma explicação de cunho genealógico: João Jázimo casou com uma parente e enteada do seu genitor. Bebela era irmã de Francisco Diógenes Paes Botão, que casou com Antonia (Toinha - Filha do Coronel Ferreira Pinto e de Claudina Pinto) e foram pais de Salomé Pinto e Sêo Diógenes. Salomé era, ao mesmo tempo, sobrinha materna de seus pais adotivos João Jázimo e sobrinha materna da mulher de João Jázimo - no caso Bebela. 

Cel. Francisco Pinto

Sêo Diógenes passou por uma situação de extremo vexame em 02 de maio de 1934, quando o Coronel Francisco Pinto foi assassinado em Apodi, tendo como mandante o seu cunhado Tilon Gurgel, mancomunado com o não menos truculento Luiz Leite. Sêo Diógenes era, ao mesmo tempo, cunhado do Coronel Francisco Pinto (Casado com sua irmã Salomé) e de Tilon Gurgel (irmão de sua esposa Caetaninha).

Por Marcos Pinto - historiador apodiense
Texto copiado: Blog Potyline