Vou falar da minha infância
Pra você me conhecer
Tenho esse jeito de ser
Desde quando era pequenininha
Menina muito espertinha
Jogava pedra e pulava academia
Ainda cantava pra Pedro Porfírio
Em sua casa cantoria.

Tínhamos o circo da alegria
Onde eu me vestia de palhaça
O povo achava graça
Com minha apresentação
Chamava muito atenção
O espetáculo era lá em Alderí
A empresária do circo
Era sua írmã Aurecí.

O público era só daqui
Eu deixava as tímidas roendo
Ficava com os ossos doendo
De tanto me rebolar
Sabia escalar e cantar
No bambolê rebolava demais
Pulava cordas de cócoras
E descolava pra trás.

De enfrentar o perigo era capaz
Pois de esqueite brinquei
Até patinar patinei
Com meus irmãos futebol jogava
De bicicleta eu andava
Achava a vida tão boa
Ainda tive o privilégio
De tomar banho na lagoa.

Andei de trem e de canoa
Só não andei de avião
Mais tomei banho de cacimbão
Pelas traves eu descia
Mergulhava e subia
Andava em um jumento do rabo cotó
E o chinelo era na mão
Quando eu ia pra o forró.

Nunca me considerei melhor
Na infância tinha várias amigas
Algumas mais inibidas
Outras como eu, danada
Juntávamos a meninada
Vestíamos de papangú
Saíamos batendo nas latas
Era aquele sangangú.

Lata velha de pitú
Panela entirnada caldeirão
Colher de pau e latão
Pandeiro concha e bacia
Era aquela pancadaria
Saíamos na estrada dançando
E ninguém sabia o que era
Que a gente estava tocando.

O povo nas portas olhando
Essa cambada passar
Dava até pra assustar
A poeira cobria a gente
Mas toda criança contente
Curtindo a sua inocência
No seu paraíso sem medo
Sem droga sem violência.

Amei a minha inocência
Só por cima eu contei
De muitas coisas participei
Era humilde e obediente
Mamãe ensinava a gente
A rezar e respeitar
Os mais velhos e dar a bênção
Antes de se deitar.

Ensinou-me a me virar
Dizendo o mundo é seu
Você sempre não tem eu
Aprenda a se defender
Dou confiança a você
Lembre-se que Deus é o maior
E fui com 14 anos
Estudar em Mossoró.

A pior coisa que eu achava
Era deixar minha írmã Aninha
Que era pequenininha
Sempre ficava chorando
Eu na porta do carro olhando
Fechava o vidro e soluçava
Eu dizia tchau Berira
E ela por Deusa chamava.

Lúcia de Bil que estudava
Na casa de sua vó
Junto comigo em Mossoró
Por a mesma coisa passava
Tinha Diane que ela adorava
irmã caçula querida
Quando viajava comigo chorava
Feito madalena perdida.

Na infância tive boa vida
Hoje sou feliz não minto
Na adolescência tive a amiga Laura Pinto
Também Neuma de Nenzinha
Geocádia de Darquinha
Silma de Sula também
Galega de João Galego
E Pretinha que eu quero bem.

Não posso esquecer ninguém
Dessa época especial
Carmem e Vaninha de natal
Eliane,  Waleska e Suzana,
Em Apodi: Toinha e Aparecida Gama
Miúda, Lígia e Socorrinha
Luzinete,  Pivete, Mura
Amanda Paiva e Mazinha.

Neném de Preto e Mocinha,
Lucineide de Sebastião Gabriel
Uma grande amiga fiel
Do Sítio Melancias,  Apodi
Do Córrego:  Lúcia, Toinha, Aurecí
Rita de Geraldo também vou citar
Augusta de Mossoró
E Dionízia de Sinhor do Bar.

Também quero registrar
Neide de Santa e Nerinha
E a amiga Nênêinha
Que gostava de rezar
Tenho um abraço pra mandar
Pra Cleide, Nenem e Lucinha
Para Neide de Ismar
Filho de Dona Chiquinha.

Finalizando estas linhas
Termino a história legal
Da adolescência especial
Que tudo nela deu certo
prá Francisco Ferreira Neto
Que comigo namorou
Recebe hoje com carinho
minha amizade meu alô.

Deusinha. Poetisa Popular de Córrego, Apodi - RN