PADRE PETER MARINUS MARIA NEEFS, ou simplesmente “PADRE PEDRO NEEFS”, natural da cidade de Breda, Holanda, nasceu no dia 03 de fevereiro de 1929. Dez anos mais tarde, em 1939, o mundo passava por outro grande impacto, conseqüência da eclosão da 2ª Guerra Mundial. No ano de 1940, foi enviado ao Seminário Menor, onde começou os estudos teológicos. Convidado por um grupo de padres do Sagrado Coração de Jesus, chegou ao Brasil, em 1952, para concluir o seminário maior. No Brasil, Peter Marinus Neefs traduziu o nome para o português e manteve seu sobrenome, assim se transformou em Pedro Neefs. Foi ordenado no dia 1º de dezembro de 1957, no Recife-PE. Em 1957, retornou a Holanda para ser ordenado padre e celebrar sua primeira missa. Dois anos mais tarde foi enviado a cidade de Beberibe-CE para realizar o trabalho de pároco. No entanto, suas idéias não foram aceitas, sendo "expulso" da paróquia pelos superiores. Em 1965, Pedro Neefs foi transferido para a paróquia de São João Batista e Nossa Senhora da Conceição, sediada na cidade de Apodi, substituindo o padre Manoel Balbino da Silva, permanecendo em Apodi por um período de quase cinco anos, ou seja, até o ano de 1970, quando foi substituído pelo saudoso e conterrâneo, Padre André Demertetelaeere. Nessa cidade ele foi responsável por grandes conquistas, não para si, e sim, para a população apodiense, como foi o incentivo para a criação de FUNDEVAP e a construção do Estádio Antônio Lopes Filho. 

Na diocese de Mossoró, padre Pedro encontrou apoio. Segundo ele, na realidade era uma diocese com padres muito avançados. Porém, diante do trabalho de repressão e das diferenças de pensamento na própria igreja, padre Pedro disse que nessa época descobriu na diocese de Mossoró "que existia uma igreja oficial e uma igreja do povo". Nesse período, estava sendo inaugurada a Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN). Diante de um boato que seria candidato a prefeito na cidade, fruto do apoio popular e do trabalho desempenhado pelo padre, ele foi afastado pela diocese Santa Luzia de Mossoró dos trabalhos como pároco da Paróquia de São João. 

Em 5 de agosto de 1979, o padre Pedro Neefs, ícone das lutas e causas sociais, chegava para atuar no município na Paróquia de Santana, na cidade de Campo Grande , quando ainda se chamava Augusto Severo.Nessa cidade sua trajetória de formação política conquistou, na época, seu ápice. O trabalho desenvolvido em toda paróquia foi o de defender os mais necessitados, principalmente na luta pela reforma agrária, que ganhou força após a disseminação de suas idéias, já que não existia até então. Ao chegar à cidade o pároco se aproximou do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que prestava assessoria a toda a população ligada ao campo. O holandês ainda se vinculou aos jovens, onde o trabalho de formação política foi vital na busca do seu ideal. "Na semana santa de 1980, juntou 80 jovens de Campo Grande e fundou o grupo de jovens, que foi o primeiro grupo da cidade", destacou a coordenadora da Cooperativa Sertão Verde, Zuleide Araújo.Em 1986, o padre defendeu o direito ao trabalho de várias mães de família apoiando a criação da Associação Comunitária dos Trabalhadores Avulsos e Artesãos de Augusto Severo (ACTAS), que se tornou responsável por absorver toda a produção, vendendo-a em Natal e no mercado exterior, como Holanda."Como eu não pertencia a nenhum partido político, fiquei mais livre para o ideal da minha vida de mudar e transformar a vida e a cabeça do povo que botava a culpa em Deus sem assumir o atraso e a pobreza reinante. Quis ensinar que devemos ter nosso futuro em nossas mãos", disse padre Pedro Neefs. O trabalho do padre é contínuo e permanente. Hoje, mesmo estando vivendo em Recife, onde passa por um tratamento de saúde, o pároco continua trabalhando em prol das pessoas que precisam de apoio e ensinamento.Um das grandes vitórias conquistadas recentemente foi o direito de voltar a andar, mesmo que aos poucos, depois de passar vários anos prostrados em uma cadeira de rodas. 

Padre Pedro Neefs se transformou numa rocha do Oeste - Um fantasma entre as décadas de 1970 e 1990 rondou o Oeste potiguar: era o espectro de novas concepções voltadas aos ideais libertários e igualitários de uma nova teologia. Os fazendeiros, políticos e católicos mais conservadores se juntaram em uma santa campanha difamatória contra essa tentativa de mudança. Porém, tiveram grupos - jovens, trabalhadores rurais, dentre outros oprimidos -, que se uniram a um padre, de origem holandesa, para que a construção de uma comunidade menos desigual fosse posta em prática. Depois de Apodi, o religioso ainda trabalhou na diocese de Mossoró, sendo mandado várias vezes ao Vaticano em trabalho oficial da igreja. Em 1979 voltou ao Rio Grande do Norte, dessa vez para atuar na cidade de Augusto Severo, hoje Campo Grande. 

É membro da cadeira nº 17 de da Academia Apodiense de Letras, fundada em 23 de março de 2006, que tem como titular o saudoso Dr. Francisco Alcivan Pinto.

Faleceu em 25 de junho de 2012 em Recife - PE, e seu corpo foi sepultado em 27 de junho em Campo Grande - RN. 

Fonte: Oeste News

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